20 anos de pesquisa espacial em Alcântara
brasileiro. A cidade histórica
de Alcântara é base para uma das estações de recepção e processamento dos dados
emitidos pelo primeiro satélite do Brasil, identificado como SCD-1 ou Satélite
de Coleta de Dados. Este satélite, que foi projetado, construído e operado pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por volta das 14h42 do último
dia 9, completou a sua 105.577 volta em torno da Terra. Quando foi lançado pelo
foguete norte-americano Pegasus, em 1993, a expectativa era de apenas um ano de
vida útil.
Quando se fala de tecnologia em Alcântara, as pessoas acabam associando
ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), coordenado pela Aeronáutica. É
neste centro que está localizada a estação, enquanto, a outra fica na capital
do Mato Grosso, Cuiabá. A assessoria de comunicação
do CLA informou que todos os serviços feitos nessa estação são realizados pelos
funcionários do Inpe, pois, a base serve apenas de suporte para esses
profissionais. Tanto essa atividade, como os trabalhos feitos dentro da base,
sob a responsabilidade da Aeronáutica, fazem parte do projeto espacial
brasileiro.
A assessoria de comunicação do Inpe, localizada em São José dos Campos, São
Paulo, informou que o satélite tem a função de retransmitir informações úteis
para a previsão do tempo, monitoramento do nível de água dos rios e dentre
outras aplicações. O SCD-1 contribui também para a cooperação de outros países.
É o caso para em que serve como instrumento para o desenvolvimento de programas
espaciais na Argentina, ajudando a calibrar a Estação Terrena de Córdoba;
enquanto, na China, calibrou a Estação de Nanning.
Em se tratando
do sistema de funcionamento do satélite, a assessoria disse que o Sistema
Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais baseia-se em satélites de órbita baixa
que retransmitem a um centro de missão as informações ambientais recebidas de
um grande número de plataformas de coleta de dados (PCDs).
As PCDs são equipamentos automáticos que possuem sensores eletrônicos que
tem a função de medir parâmetros ambientais, como o nível de água em rios e
represas, a qualidade da água, a quantidade de chuvas, a pressão atmosférica, a
intensidade da radiação solar, a temperatura
do ar e outros.
O satélite capta e retransmite os sinais das PCDs instaladas por todo o país e
os envia para as estações de recepção e processamento do Inpe em Cuiabá e em
Alcântara. Voando a uma velocidade de 27.000 km por hora e a estação recebe
diversas vezes ao dia os dados transmitidos por cada PCD.
Das estações, os dados coletados pelo satélite são transmitidos para o Inpe
Nordeste, em Natal, no Rio Grande do Norte, onde se localiza o Sistema Nacional
de Dados Ambientais (SINDA), para processamento e distribuição de suas
informações aos usuários.
As estações de rastreio e controle são o elo entre o Centro de Controle de
Satélites e os satélites. São constituídas de uma antena parabólica e
equipamentos de rádio frequência para transmitir aos satélites os telecomandos
gerados pelo Centro de Controle de Satélites e receber as telemetrias e
enviá-las para o Centro de Controle de Satélites. A interligação entre as
estações de rastreio e controle de Cuiabá e Alcântara ao Centro de Controle de
Satélites em São José dos Campos é feita através de uma rede de comunicação de
dados privados.
Memória
Em órbita
Em 1979, coube ao INPE a responsabilidade pelo desenvolvimento dos satélites,
sendo dois de coleta de dados e dois de sensoriamento remoto. O primeiro
satélite, o SCD-1, é um satélite de coleta de dados com 115 kg e já a operação
de lançamento foi comandada a partir do Centro de Controle de Wallops, no
estado de Virgínia, costa leste dos Estados Unidos.
No dia 9 de fevereiro de 1993, uma hora e 15 minutos depois da decolagem, a 83
km da costa da Flórida e a 13 km de altitude, o foguete Pegasus foi liberado da
asa de um avião B52 da Nasa. Como havia sido previsto, o foguete cai em queda
livre por cinco segundos antes de acionar seus motores em direção ao espaço.
Poucos minutos depois, às 11h41 (hora de Brasília), o SCD-1 é colocado em
órbita da Terra, a uma altitude de 750 km e os primeiros sinais foram captados
pela Estação Terrena, em Alcântara.
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