Arranjos produtivos: a Baixada tem jeito

Por Flávio Braga.
No ano em curso, o Fórum em Defesa da
Baixada Maranhense conheceu duas experiências de arranjos produtivos locais
(nos município de Matinha e Anajatuba) que serviram, sobretudo, para comprovar
que a superação da extrema pobreza na região da Baixada pode ser alcançada com
medidas de exequibilidade singela e grande alcande social.
Com efeito, há uma
circunstância particular que diferencia nitidamente a Baixada das outras áreas
pobres do Maranhão: embora o seu povo seja muito carente, as soluções para
melhorar as suas condições de vida são baratas, simples e de fácil
resolutividade. Só depende da vontade política de nossos governantes. Apesar da
sua abundante disponibilidade hídrica, a escassez de água no período crítico do
verão maranhense ainda é o principal flagelo das comunidades baixadeiras. A retenção da água doce nos campos da Baixada representa a
maior riqueza para as atividades produtivas das comunidades baixadeiras
No caso específico de Matinha
(povoado Itans), o Fórum conheceu o extraordinário caso de
empreendedorismo na cadeia produtiva de piscicultura, cujo projeto se tornou
referência no setor e hoje se constitui uma das matrizes econômicas
fundamentais para o desenvolvimento sustentável da Baixada. É um dos nossos
grandes exemplos de que é possível produzir explorando as potencialidades
naturais da região, a partir da capacitação dos produtores e  foco na geração de trabalho e renda.

Essa experiência empreendedora assumiu uma importância tão grande que no dia 8
de agosto (próximo sábado) o governador do Estado comparecerá a Itans para
assinar a Ordem de Serviço para a construção da Estrada do Peixe, interligando
a sede do município ao povoado.
De sua vez, os arranjos
produtivos de Anajatuba, desenvolvidos por intermédio da atuação do Dr. Eduardo
Castelo Branco, zootecnista e membro do Fórum da Baixada, são experiências de
sucesso comprovado na emancipação econômica das comunidades beneficiadas, com
forte impacto na superação da extrema pobreza rural (projetos do
Igarapé do Troitá, da produção de mel no povoado Teso Bom Prazer e da
piscicultura nativa consorciada com fruticultura no povoado Pacas).
O Igarapé de Troitá mede 8km de
comprimento, 10m de largura e 2m de profundidade, e foi dragado para garantir a
retenção da água doce durante todo o ano, proporcionado a permanência e
reprodução dos peixes nativos durante o verão e outras pequenas criações (bois,
porcos, patos etc).
A produção de mel de abelha no Teso Bom
Prazer garante o sustento das famílias da localidade mediante a exportação dos
vários produtos apícolas (mel, própolis, cera etc), evidenciando o imenso
potencial da Baixada para a exploração da apicultura como atividade econômica.
No povoado Pacas, foi desenvolvido um
projeto consorciado de piscicultura nativa e fruticultura (banana, açaí e
maracujá), a um custo de 200 mil reais, que garante o sustento de 42 famílias,
numa área de apenas 3 hectares. Nesse arranjo produtivo são produzidas 4500
bananas por mês e 15 toneladas de peixes por ano, sem qualquer ônus para os
beneficiários do projeto.

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