José Sarney desiste de eleição, mas seguirá na política

A notícia da desistência da candidatura do ex-presidente da República,
José Sarney, ao cargo de senador, causou certo frisson na classe política
maranhense. Muitos aliados lamentam profundamente a notícia, mas defendem que o
político tem o direito merecido ao descanso, já que possui quase sessenta anos dedicados
à vida pública.



O senador José
Sarney (PMDB) disse nesta terça-feira (24) que tanto a presidente Dilma
Rousseff quanto o PT insistiram para que ele se candidatasse. Em entrevista ao
programa Luiz Melo Entrevista, da rádio Diário FM de Macapá, Sarney disse
“não ter dúvidas” de que contaria com o apoio da presidente caso
decidisse continuar na vida pública. “A presidente Dilma insistiu muito
comigo para que continuasse, para que eu fosse candidato, foi muito enfática
nesse sentido. Ela procurou o presidente do PT para falar nesse sentido”,
disse Sarney.



Senador pelo Amapá,
Sarney disse que a decisão de se aposentar e não concorrer à reeleição,
anunciada formalmente ontem a aliados deveu-se exclusivamente à sua idade e à
condição de saúde dele e da esposa. “Não teve outra, nenhuma interferência
se não essa. Ficar cumprindo pela metade minhas obrigações não é do meu
feitio”, disse, ao lembrar problemas de saúde que o levaram a se ausentar
no Senado no ano passado e lembrando também que sua mulher passou por três
cirurgias.



Sarney ressaltou
que não decidiu pela aposentadoria por falta de capital político ou por medo de
perder as eleições em outubro. “Tenho pesquisas na minha mão que me dão
uma situação muito confortável, uma delas com 50,6% de preferência do
eleitorado, portanto não tenho nenhuma dúvida de que não tem problema nenhum de
eleição. O problema é que realmente com 84 anos, com a minha idade, a minha
mulher doente, precisando do meu apoio principalmente agora, neste momento que
nós estamos já bastante idosos, eu não posso deixar de ter presente esse fato.”



O senador citou o
seu “prestígio” em âmbito nacional e mencionou seu papel na
Presidência, que ocupou de 1985 a 1990, quando “ajudou o país” no
momento da transição democrática. “Tenho o meu prestígio e não deixo de
ter até eu morrer”, disse Sarney durante a entrevista.



Ele afirmou ainda
que, mesmo afastado da vida pública, pretende se colocar “a serviço”
do Amapá, Estado que disse estar em seu coração e no qual conquistou
“carinho” e “respeito” dos eleitores. “Todo prestígio
que tenho e parcela de liderança nacional vai ser colocada a serviço do Amapá
como sempre foi”, afirmou. Sarney citou ainda avanços do Estado, ao longo
de seu mandato como senador, em especial em obras de infraestrutura.



O senador João
Alberto, presidente do PMDB maranhense, disse que esse pensamento já vinha
sendo alimentado por Sarney há algum tempo e que essa decisão tinha sido
retardada em função de alguns amigos que haviam solicitado isso ao senador. O
presidente do PMDB maranhense lamentou profundamente a notícia recebida e disse
que, se confirmada, será uma grande perda para o país a saída de José Sarney do
cenário político. “O Brasil perde na política o seu melhor nome. A ausência de
José Sarney será chorada no Maranhão por muito tempo. É uma lacuna muito
grande. Fico consternado”, declarou.



João Alberto diz
que se sentiu abalado com a notícia e que agora repensa também a sua
permanência na vida política. “Isso me abala profundamente. Essa posição me
leva para esse mesmo caminho de acabar meu mandato e não pretender mais me
candidatar. Esse posicionamento me deixa muito triste”, disse o senador.



É esperado para a
próxima sexta-feira (27), um pronunciamento oficial do senador José Sarney.
De O Imparcial.

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