O novo governo e o velho conceito para a Cultura do Maranhão

O Maranhão
é um estado onde a Cultura é definitivamente indissociável da forma
com a qual os governantes a viram nas últimas décadas. Aqui quando se
lança mão do termo há uma conexão direta com o Folclore ou a chamada ‘cultura
popular’. Essa associação sempre serviu aos currais eleitorais e às intenções
‘políticas’, de forma que é impossível não tratar do assunto sem que se evoquem
as pretensões que nos emperraram diante dos demais estados brasileiros.
A grande
maioria de nossos Secretários de Cultura até hoje obedeceu à lógica do ‘pão e
circo’ ou das festividades datadas (Festejos Juninos e Carnaval) para definir
ou mesmo classificar o nosso conceito de Cultura. Em obediência, é claro, às
orientações de seus governadores. O Maranhão que tem uma das mais vastas
bibliografias; uma tradição literária rica, fecunda e promitente; uma vocação
para os Movimentos Culturais de Juventude e a contínua celebração de artistas
em torno de Festivais de Música caiu no limbo do obscurantismo por anos a fio.
Em contrapartida, hoje nosso estado anuncia uma sólida, consistente e nova
conjuntura.
Para falar
na Arte produzida por estas plagas nos dias atuais, por exemplo, devemos nos
remontar, necessariamente, ao amplo caldeirão de manifestações culturais que
nos batem à porta. E aí se incluem os artistas e agentes das mais variadas
formas do Fazer Cultural. Só em São Luís, para se ter ideia, é preponderante e
notável a presença de uma gama de artistas que nos apresentam grande
diversidade. O Maranhão de hoje não é somente o estado do Bumba-Meu-Boi e do
Tambor de Crioula. Temos grupos de Samba, bandas de Reggae, Rock, conjuntos de
Jazz, Blues, Instrumental, Música Erudita e Clássica; uma cena consolidada da
Poesia em todos os cantos e bairros da capital, sem falar nos municípios
maranhenses que, a seu modo, também apresentam suas ‘armas’.
Mas apesar
das conjecturas referidas, ainda não despertamos para a riqueza de nossa
portentosa tradição. Ainda ovacionamos os artistas de outros estados em
detrimento dos nossos; valorizamos as peças teatrais do eixo Rio-São Paulo em
detrimento de nosso Teatro e, por incrível que pareça, legitimamos todo
investimento (patrocínio e atenção) na Cultura de nossos vizinhos com a
escancarada aprovação de nossos gestores. Sempre foi de conhecimento de todos
que a SECMA e a Func, órgãos públicos responsáveis por nossa gestão no Setor
nunca mediram esforços para fazer às vezes de bons hospedeiros a baianos,
cariocas e paulistas.
Essa
inversão precisa acabar. Estamos às vésperas e prestes a iniciar um novo
Governo que prega a mudança estrutural em todas as áreas da Gestão Pública.
Temos problemas igualmente estruturais em nossa Área. O artista/agente cultural
do Maranhão está no fundo do poço. Não recebe apoio para viabilidade de sua
Obra. Por falta de meios e investimentos permanentes, não trabalha
conjuntamente com outros profissionais afins na propagação e difusão dos
valores culturais. Nosso banco de dados e nosso Patrimônio Cultural Material e
Imaterial estão abandonados à própria sorte. Nossa identidade cultural
vulnerável, fragmentada, confinada ao quase desaparecimento.
Em breve,
será anunciado o Secretário de Cultura para os próximos quatro anos. Ele terá a
obrigação de entender e compreender profundamente todas as nuances, reivindicações,
peculiaridades, demandas e lutas de nossos artistas em suas formas de
trabalho e expressão. Terá também que organogramar um sólido programa e plano
de ação para banir de vez os conceitos delimitativos que beneficiam somente a
uma, duas formas de fazer Cultura. Terá que entender, por obrigação da função,
sobre as questões e problemas culturais que se arrolam às nossas Artes
Plásticas, Escultura, Cinema, Arquitetura, Artesanato, Literatura e Crítica
Literária. Apresentar somente a Programação Junina e os Carnavais é uma prova
de que nada mudou e de
que o próximo governo poderá repetir o antecessor. 

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