Tragédia de Bacuri completa um mês e pais das vítimas se emocionam

No acidente oito estudantes morreram ao serem
transportados na carroceria de uma D20
Nesta quinta-feira (29) completou um mês da
tragédia ocorrida na cidade de Bacuri onde oito estudantes morreram e mais de
14 ficaram feridos num acidente entre uma caminhonete, onde eram transportados
e um caminhão que carregava pedras.
A polícia civil já concluiu o inquérito que
investigava o acidente e o enviou para o Ministério Público do Maranhão. A
justiça deve denunciar todos os possíveis culpados.
De acordo com o superintendente de Polícia Civil do
Interior, delegado Jair Paiva, o inquérito aponta que o adolescente, filho
adotivo de Rogério Azevedo Rocha, motorista da caminhonete, foi quem causou o
acidente. Porém, ele não poderá responder criminalmente por ser menor de idade.
O homicídio foi considerado culposo, quando não há a intenção de matar. O pai
dele deve responder pelo crime.
Imirante foi à Bacuri e ouviu os pais de sete
das oito vítimas. Eles contaram sobre os projetos dos filhos e o que esperam
depois da tragédia. Abalados com a situação, eles cobram Justiça e afirmam que
a dor da perda nunca vai passar.
Veja os relatos dos pais das vítimas e um
sobrevivente.
Ana Cristina Vieira Borges, mãe da adolescente Ana
Raquel.

“Minha filha era uma menina meiga, linda. Ela
sempre me dizia: ‘um dia a senhora vai ter orgulho de mim’,” afirmou a mãe
emocionada.

Ana
Cristina Vieira Borges, mãe da adolescente Ana Raquel
Segundo Ana Cristina, a
filha queria ser pediatra. “O sonho dela era se formar e me ajudar a deixar de
trabalhar em casa de família”, relatou.
A
mãe, desolada, afirma que “só o que resta agora é pedir por Justiça. Nada vai
trazer minha filha de volta, mas não pode ficar impune. Todos têm culpa, principalmente
os administradores. Não acredito que eles não sabiam que essas crianças andavam
em uma D20, que é pra transportar animais. É revoltante”, desabafou Ana
Cristina.
Geiciane
Silva Mafra, tia de Jeferson Breno Costa da Silva, 16 anos.
 

        Geiciane Silva Mafra, tia de
Jeferson Breno Costa da Silva
Segundo a tia do estudante,
Breno sonhava em entrar no Exército. “Um menino sempre muito responsável.
Morava comigo e com os meus pais, era ele quem tomava conta do avô idoso. Me
lembro que ele estava tão feliz em poder fazer o ensino médio, para depois
entrar no Exército. Esperamos que haja Justiça”, afirmou Geiciane Silva.
Laurenilson
Farias, pai de Samyly Costa Farias (14 anos) e Emyly Costa Farias (16 anos).
O
pai, que perdeu duas filhas na tragédia, lembra que mantinha uma boa relação
com as garotas. “Eu, elas e mais o meu outro filho de 11 anos éramos quatro
amigos, conversávamos sobre tudo. Elas sempre foram boas meninas, eu queria
sempre dar o melhor para elas. Quando me divorciei da mãe delas, os três filhos
decidiram ficar comigo”.

                   Laurenilson Farias, pai de
Samyly e Emyly
A dor, segundo ele, nunca
vai passar. “Dói muito perder duas filhas de uma vez só, isso agente não
esquece. O que me resta agora é pedir Justiça, e que as coisas sejam feitas da
maneira correta”.
Maria
Edileusa Rocha, mãe de Carlos Vinícius Rocha Almeida, 15 anos.
“Justiça
é o que eu quero. Sei que meu filho nunca vai voltar, mas não podemos deixar
ficar por isso mesmo”, afirma a mãe de Carlos Vinícius.
Maria
Edileusa Rocha, mãe de Carlos Vinícius Rocha Almeida
 Maria Edileusa lembra com
tristeza, os sonhos que o filho deixou para trás. “Ele era cheio de sonhos.
Estava estudando teclado e tocava na igreja católica. Meu filho sempre estava
na escola bíblica e se preparava para fazer a Crisma. Eu tinha muito orgulho
dele”, destacou a mãe.
Nazilson
Oliveira Costa, pai de Nayara Pereira Costa, 14 anos.
O
pai da estudante, também, lembrou as qualidades da filha.
“Minha
filha era muito alegre, estudiosa só tinha notas boas. O sonho dela era ser
empresária, e sempre me dizia: ‘Vou terminar meus estudos para poder trabalhar
e ser empresária’. O que resta agora é só a lembrança”, afirmou o pai em luto.
Nazilson
Oliveira Costa, pai de Nayara Pereira Costa
 Nazilson ressalta que não se
pode cruzar os braços diante dessa tragédia.
“Foi
muita imprudência, irresponsabilidade. Não tem dinheiro que traga de volta os
nossos filhos, mas esperamos que os responsáveis sejam punidos. Temos que fazer
alguma coisa para que isso nunca mais aconteça”, enfatizou.
Aucileia
Rabelo, mãe de Audaleia Rabelo Gomes, 15 anos.
“Minha
filha era tão obediente, calma. Só deixou boas lembranças”, lembra a mãe da
adolescente Audaleia Rabelo.
Aucileia Rabelo, mãe de
Audaleia Rabelo Gomes
 De acordo com Aucileia, a
filha costumava dizer que depois que terminasse o ensino médio queria ir para
São Luís fazer curso e trabalhar.
“Quero
que seja feita a Justiça, principalmente para os administradores que não deram
boas condições de transporte, e me deixou sem minha filha”, afirmou a mãe
comovida.
E
para quem sobreviveu, só fica a saudade dos amigos e a gratidão por estar vivo.
Francinaldo
Sousa Almeida
, 15 anos, é um dos estudantes que sobreviveu ao acidente.
Segundo o adolescente, ele só não morreu porque estava pendurado do lado de
fora da D20, e na hora do acidente foi jogado pra fora.
 

Francinaldo
Sousa Almeida, 15 anos. Um dos sobreviventes da tragédia

“É triste porque perdi meus
amigos, a gente sempre ia junto pra escola. Eu vi alguns dele morrer sem poder
fazer nada. Mas agora só resta seguir em frente, não sei como vou fazer isso
ainda. Só sei que sou grato a Deus por estar vivo”, declarou Francinaldo.
*Apenas
o pai da vítima Denilde Lima Azevedo não foi encontrado para falar sobre a
tragédia.
 Do TOPC

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